Edição 2013
Entre os dias 19 e 30 de março de 2013, casas de todas as regiões da cidade do Rio de Janeiro estiveram abertas para o teatro e o encontro durante a primeira edição do Home Theatre – Festival internacional de Cenas em Casa.
Atores de todo o Brasil foram convocados a participar do processo que estetizou residências, aproximou o público do processo de criação teatral e tinha a vida como principal linguagem. Fruto de um processo experimental realizado ainda em 2012, o Home Theatre, na mostra Cenas em Casa, apresentou 45 trabalhos de todo o país, selecionados através de chamada pública na internet para atores, casas, cenas e histórias de vida.
Além da curadoria, as cinco mostras gratuitas apresentaram também cenas criadas em workshops (mostra A linguagem e a vida são uma coisa só #2) com os diretores Kerry Michael e Susanna Kruger, onde os atores selecionados tiveram como material base para suas perfomances as histórias de jovens das comunidades do Borel, Casa Branca, Cantagalo e Cidade de Deus. Para celebrar o trabalho de quem já pesquisa os usos do espaço doméstico como ágora pública através do teatro, o Home Theatre homenageou a Capulanas Cia. De Arte Negra, de São Paulo, e Cia. Do Invisível, do Rio de Janeiro.
A maratona de vinte e duas horas de interpretações solo para apenas um espectador “Pequenos e grande gestos de despedida”, com a atriz Georgiana Góes dirigida por Marcus Vinícius Faustini, num processo que investiga a mistura de ficção, sono e memórias afetivas, foi criada especialmente para a mostra A linguagem e a vida são uma coisa só #1 . O Home Theatre premiou Melhor Cena e Melhor Interpretação se suas Mostra Competitiva, totalizando R$ 10.000 em prêmios.
Pelo gesto estético e político, o festival ganhou do 26º Prêmio Shell de Teatro na categoria Inovação.
O primeiro processo
De 19 a 27 de março de 2013, o Home Theatre abriu as portas das casas do Rio de Janeiro para uma nova experiência teatral.
Uma prévia do primeiro Festival Internacional de Cenas em Casa aconteceu em outubro de 2012, quando o diretor Marcus Faustini e a atriz Regiane Alves entrevistaram três mulheres de diferentes regiões do Rio de Janeiro. Isabel Diegues, no Jardim Botânico, Maria Emília de Sousa, da Pavuna, e Sandra Tomé, da Maré. As entrevistas foram transformadas em cenas, interpretadas por Regiane e dirigidas por Faustini na casa delas.
Após as apresentações, o público foi convidado a interagir e conversar sobre as narrativas da cidade. O teatro aqui age como um organizador da experiência urbana, envolvendo territórios diferentes e a estetização das casas nos territórios populares, apontando, inclusive, para criação de processos dramatúrgicos onde a cidade e seus sujeitos voltam a ocupar a dramaturgia carioca, produzindo aproximação e reconhecimento. Veja como acontece esta interação no vídeo abaixo.
Nessa perspectiva, contribui também para ampliação das redes dos artistas, que passam a dialogar com o público, num espaço onde as diferenças entre atores e plateia são aproximadas pela convivência. Toda esta proposta aponta em direção a radicalização no processo de formação de público onde o espectador e sua casa passam a ser o centro no ciclo da criação teatral.
Processo 2
A partir de memórias pessoais de relações amorosas, a atriz Georgiana Goés, junto com o diretor Marcus Faustini, criou textos e cenas que foram apresentadas durante o festival. A atriz escolheu 10 objetos trocados em relações amorosas que servem de dispositivo para a construção da história. Lembranças de sonhos também entraram neste processo, onde Georgiana investiga as fronteiras entre ficção e memória.
Santa Cruz
Uma das extensões do Festival Home Theatre, aconteceu no Conjunto Habitacional João XXIII, no bairro de Santa Cruz. Uma rua foi escolhida, onde os moradores contaram suas histórias e atores da região encenaram, nas casas desta rua, cenas criadas a partir das histórias. Esse processo aconteceu durante o Festival, nos dias 20 a 27 de março de 2013.
