Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e Secretaria Municipal de Cultura apresentam:

Chuva de potencias na Mostra Homenagem


Posted on March 24th, by admin in 2013, blog, festival. No Comments

Chuva de potencias na Mostra Homenagem

Uma noite especial. Essa é a síntese do que aconteceu ontem (23), durante a abertura da “Mostra Homenagem”, do Festival Home Theatre, na casa do escritor e colunista Francisco Bosco.

Com um burburinho de convidados bebendo cerveja nas calçadas da pacata rua do Horto, uma chuva repentina os conduziu até a sala do anfitrião, onde o idealizador do Festival, o entusiasta Marcus Faustini os aguardava.

Faustini iniciou o ritual contando um pouco sobre o conceito do Home Theatre, a ideia de gesto estético e político, e a urgência de tirar o espectador do lugar de plateia, e coloca-lo no lugar de público. Na sequência, foi lido o Manifesto Home Theatre, que está sendo apresentado nas 50 casas que recebem o Primeiro Festival Internacional de Cenas em Casas do Rio de Janeiro.

Conduzida até a arena montada no meio da sala do colunista, a Cia do Invisível encantou o público com a linda montagem de “O caso da vara”, de Machado de Assis, com direção de Alexandre Damascena.

Já do lado de fora, a Cia Capulanas mostrou embaixo de chuva, no quintal de terra molhada, toda a sua atitude política e o resgate a memória afetiva em uma apresentação de “Solano Trindade e suas negras poesias”, que dialoga com a ancestralidade e contemporaneidade por meio da musicalidade e coreografias corporais.

- Para mim foi um contraponto interessante o trabalho das duas companhias. A Cia do Invisível adaptou Machado de Assis, que é o crítico mais agudo das estruturas perversas da sociedade brasileira, e que fez essa crítica apropriando-se da linguagem culta de origem europeia (o realismo). Já as Capulanas questionam essa apropriação mesma, da parte de sujeitos que não se reconhecem plenamente nessas representações, e buscaram uma linguagem e uma tradição com que pudessem se identificar. Talvez Machado seja um ponto de intercessão nisso tudo, porque, apesar de se inserir numa tradição culta e cosmopolita, é de origem modesta, mulato, e nunca deixou de mostrar com precisão as contradições da estrutura em que viveu, e ainda vivemos – afirmou Francisco Bosco, acrescentando que o Home Theater é mais uma das manifestações da tarefa que se propõe o Marcus Faustini: Não aceitar as premissas culturais e sociais dadas e estabelecer novas formas de produção, novos agentes, outras representações e práticas sociais.

No bate-papo, os espectadores puderam conhecer um pouco mais sobre o trabalho dos dois grupos, que tem em comum o exercício do fazer teatral em casas das periferias das duas maiores metrópoles do Brasil.

Para o diretor Alexandre Damascena, o trabalho do Invisível é fazer com que as pessoas troquem e aprendam umas com as outras.

- A gente não quer aproximar as pessoas do teatro, mas sim, as pessoas das pessoas, e é por isso fazemos teatro dentro das casas – conta ele.

Com um trabalho que retrata as descobertas e preconceitos sofridos por mulheres negras, as Capulanas atuam com a ideia de colocar um holofote em questões ainda muito recorrentes na sociedade atual.

- Nós queremos compartilhar com as outras pessoas essa metamorfose que passamos, e por isso a abordagem dessa temática de forma poética – afirma a atriz Priscila Preta.





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