Conheça Isabel, Maria Emília e Sandra – as primeiras personagens do Festival
O primeiro processo experimental do Festival Home Theatre foi uma série de entrevistas com mulheres de diferentes regiões da cidade do Rio de Janeiro contando suas memórias. Essas narrativas foram escolhidas para se tornarem cenas que foram encenadas na casa de cada uma delas.
A portuguesa Maria Emília Ribeiro de Sousa, de 70 anos, chegou ao Rio de navio, há 50 anos, e se estabeleceu com a família na Pavuna. Dona Emília enfrentou muitas dificuldades, mas nunca desanimou. Trabalhou na feira para sobreviver, criou dois filhos e hoje cuida de seu restaurante, a Adega Bacalhau de Tamanco.
Moradora do Complexo da Maré, Sandra Tomé, de 45 anos, orgulha-se de ser a primeira de quatro irmãos a se formar em uma universidade. Batalhadora, a assistente social não quer ficar na graduação, planeja fazer mestrado e doutorado. “A educação é uma coisa que ninguém me tira”, afirma Sandra.
Filha da cantora Nara Leão e do diretor Cacá Diegues, Isabel, de 42 anos, é cineasta e fundadora da editora Cobogó. Em sua casa no Jardim Botânico, recebe intelectuais e constrói uma relação de memória através de objetos afetivos que coleciona no ambiente que divide com o filho José, fruto do seu casamento com Pedro Bial.
Fragmentos da vida dessas três mulheres foram encenadas pela atriz Regiane Alves na forma de monólogos de 20 minutos. A história de Dona Emília foi apresentada na sala de Isabel Diegues, que teve sua vida narrada na casa de Sandra, que por sua vez teve sua história encenada na Pavuna. As personagens abriram as portas de suas casa para 20 espectadores – dez convidados pela dona da casa e dez pela equipe de produção. A apresentação intimista é seguida de um lanche e um bate-papo sobre a relação do teatro com a cidade e suas narrativas. A direção deste processo foi de Marcus Vinícius Faustini, idealizador do Festival Home Theatre.